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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Os Homens de Preto: crescem empregos para Seguranças



RIO - Inteligência visual, atenção, responsabilidade, foco, amplo campo de visão e até capacidade de permanecer por muitas horas em silêncio. Essas são algumas das características necessárias para se tornar um bom “homem de preto”. Ao contrário do que se possa imaginar, força física não é pré-requisito para a profissão de vigilante ou segurança, cujo mercado se expande em todo o Brasil e especialmente no Rio de Janeiro, e que ganhou visibilidade durante a chegada do Papa Francisco, na última segunda-feira. Da Grande Buenos Aires, até Mariela, a irmã do pontífice, disse ter ficado mais nervosa pelos seguranças — no caso, da guarda suíça do Vaticano —, quando a comitiva ficou presa no engarrafamento da Presidente Vargas.


O Estado do Rio conta, hoje, com 47 mil vigilantes e, desde 2011, oito mil vagas foram criadas por ano, o que representa crescimento de 20%, de acordo com o Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Rio de Janeiro (Sindesp-RJ). No Brasil, há duas mil empresas do gênero, empregando 600 mil pessoas, segundo informações do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo (Sesvesp).

— O mercado tem crescido muito, porque o Rio é a cidade a ser visitada no momento. Os grandes eventos como Jornada Mundial da Juventude, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas trazem uma série de outras programações paralelas e ainda impulsionam o boom imobiliário de shoppings e hotéis — explica Frederico Crim Câmara, presidente do Sindesp-RJ e vice da Abrevis-SEG (Associação Brasileira das Empresas de Vigilância).

Currículo elaborado pela Polícia Federal

Embora o vigilante privado possa atuar em quatro grandes frentes — patrimonial, pessoal, escolta de numerário e escolta de carga — Câmara afirma que o trabalho mais difícil do segurança é lidar com o público — justamente a maior exigência dos grandes eventos que o Rio já começou a receber.

— Quando há multidões, podem surgir uma série de situações que não são corriqueiras. O segurança deve estar preparado para mudanças rápidas — diz o presidente do Sindesp-RJ.

O vigilante do setor privado ganha, em média, R$ 1.300, e trabalha em uma escala de 12 horas de trabalho por 36 horas de folga. No cargo de supervisor, R$ 1.700 e, como gerente, entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, de acordo com o Sindesp-RJ. Para entrar nesse segmento, exige-se curso de formação, oferecido por escolas particulares, cujo currículo, entretanto, é elaborado pela Polícia Federal.

Mês passado, com a onda de manifestações que tomaram conta do país, cresceu a demanda pela contratação no setor, tanto no Rio quanto em São Paulo. Arrastões em restaurantes e roubos de joalherias na capital paulista também reforçaram esse movimento. No Rio, foram tantos pedidos que as empresas de segurança privada tiveram dificuldade para atender.

— Na impossibilidade de o estado fornecer toda a segurança pública necessária, a segurança privada entra em cena: é mercado em grande expansão — diz José Carlos Trindade, especialista em segurança e consultor da Interseg, feira que ocorre em agosto no Rio.

Curso com no mínimo 220 horas/aulas de duração

A portaria 3.559-DG/DPF definiu o prazo de abril de 2014 para que as empresas de segurança habilitem seus vigilantes com o curso “Extensão para os grandes eventos”, caso queiram atuar na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, e até dezembro de 2014 para os demais acontecimentos.

— Este profissional é diferenciado porque sabe que precisa interagir com o mundo globalizado e consegue perceber a dinâmica deste mercado — afirma Helder Andrade, sócio-diretor da Forbin, escola de formação de vigilantes, que fica em Manguinhos.

A carga horária exigida para qualificação de um segurança é de 220 horas/aula, com disciplinas que incluem relações humanas no trabalho, sistema nacional de segurança, prevenção e combate a incêndio, primeiros socorros, defesa pessoal e gerenciamento de crises, entre outros. Além de elaborar os currículos, a Polícia Federal fiscaliza as escolas de segurança de todo o país. Bem diferentes são as exigências para se tornar um membro da guarda suíça do Vaticano, instituição responsável pela segurança do papa: ser cidadão suíço, católico, ter boa moral e ética, de 19 a 30 anos, ao menos 1,74m, solteiro, diploma de ensino médio ou superior e ter feito escola militar na Suíça.

No Brasil existem cerca de duas mil empresas de segurança privada, que empregam 600 mil pessoas, ao custo de R$ 8,5 bilhões por ano, sendo R$ 3,5 bilhões com pagamento de encargos sociais. Essas empresas faturam de R$ 12 bilhões a R$ 13 bilhões anuais. Só na cidade de São Paulo, são 250 empresas, com 20 mil funcionários. No estado, há 180 mil vigilantes registrados.

Vigilantes clandestinos

Bancos, com 30%, e repartições públicas, com 35%, são os que mais usam os serviços de segurança, seguidos de indústria e comércio, condomínios, escoltas particulares de valores e objetos.

— O vigilante precisa perceber qual atividade de segurança se adapta melhor ao seu perfil e qualificação — afirma Andrade, da Forbin.

A faixa etária média dos profissionais de segurança está entre 30 e 35 anos, de acordo com Frederico Crim Câmara, presidente do Sindesp/Rio de Janeiro:

— Há campos de atuação para todas as idades: dos 21 anos a mais de 50 e há bastante jovens em atuação. Mas a maioria está na faixa dos 30 a 35 anos, são profissionais mais maduros.

Em São Paulo, a onda de violência, com arrastões em bares e restaurantes, assaltos a joalherias e saques em lojas por conta das manifestações, elevou em cerca de 1% a procura por segurança privada na cidade. Segundo o vice-presidente do Sesvesp, sindicato que reúne as empresas de segurança no Estado, João Palhuca, o crescimento só não foi maior porque a economia não está ajudando e também porque muitos comerciantes optam por contratar empresas ou vigilantes clandestinos.

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Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/emprego/os-homens-de-preto-crescem-empregos-para-segurancas-9229156#ixzz2ajFtgR1G

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